Resenha do texto “Desafios Culturais daComunicação à Educação" de Jésus Martim - Barbero.
Para o Ministério das Comunicações com
exceção do esforçado e desvalorizado trabalho da Divisão de Comunicação Social
- a cultura parece não ter nada que ver com o desenvolvimento tecnológico dos
meios; o que, no caso, importa é a política e economicamente adequada das
permissões de transmissão. O mesmo acontece em
relação à educação: que pode ter a ver
o avançadíssimo e riquíssimo mundo das telecomunicações com a nossa atrasada e
paupérrima educação?
Contrariamente aos que vêem nos meios
de comunicação e na tecnologia de informação uma das causas do desastre moral e
cultural do país, ou seu oposto,
uma espécie de panacéia, de solução
mágica para os problemas da educação, sou dos que pensam que nada pode
prejudicar mais a educação que nela introduzir modernizações tecnológicas sem
antes mudar o modelo de comunicação que está por debaixo do sistema escolar.
O modelo predominante é vertical,
autoritário na relação professor-aluno e linearmente sequêncial no aprendizado.
Introduzir nesse modelo meios e tecnologias modernizantes é reforçar ainda mais
os obstáculos que a escola tem para se inserir na complexa e desconcertante
realidade de nossa sociedade.
Falar de comunicação
significa, em primeiro lugar, reconhecer que estamos numa sociedade em que o
conhecimento e a informação têm tido um papel fundamental, tanto nos processos
de desenvolvimento econômico quanto nos processos de democratização política e
social.
Portanto, o ponto de partida para se
pensar as relações da educação com a comunicação está aqui: na centralidade que
o conhecimento e a informação têm ainda em países como o nosso, nos quais
existem outras necessidades estruturais, que consideramos básicas, como as da
moradia e saúde para as maiorias.
Há uma grande diferença entre as pessoas
que podem estar conectadas com a Internet, beneficiando-se de uma grande
quantidade de informações, de experimentação, de conhecimentos ou experiências
estéticas e a imensa maioria excluída, desligada desse mundo de bens e
experiências. Mas, não podemos permitir que nos baste a constatação e o
lamento. Precisamos compreender como essa
mesma sociedade dividida está sendo
transformada pela centralidade das tecnologias e dos sistemas de comunicação.
A escola deixou de ser o único lugar
de legitimação do saber, pois existe uma
multiplicidade de saberes que circulam
por outros canais, difusos e descentralizados.
Essa diversificação e difusão do
saber, fora da escola, é um dos desafios mais fortes que o mundo da comunicação
apresenta ao sistema educacional.
Nossas escolas não estão sendo um
espaço no qual a leitura seja um meio de criatividade e de prazer, mas sim o
espaço no qual leitura e escrita se associam a tarefa obrigatória e chata.
Castradora, inclusive.
O professor perde a estabilidade,
porque o aluno sabe muito mais e, sobretudo, porque maneja muito melhor a
língua da imagem que o professor.
A escola desconhece tudo o que de
cultura se produz e transcorre pelo mundo
audiovisual e pelo da cultura oral.
Precisamos de uma educação que não
deixe os cidadãos inermes diante dos poderosos estratagemas de que, hoje,
dispõem os meios de comunicação para camuflar seus interesses e fazê-los passar
por opinião pública.
Daí a importância estratégica que
adquire hoje uma escola capaz do uso criativo e crítico dos meios audiovisuais
e das tecnologias informáticas.
Um dos maiores desafios que o
ecossistema comunicativo faz à educação é:
ou se dá a sua apropriação pelas
maiorias ou se dá o reforçamento da divisão social e a exclusão cultural e
política que ele produz.
Pois, enquanto os filhos das classes
favorecidas entram em interação com o
ecossistema informacional e
comunicativo a partir de seu próprio lar, os filhos das classes populares -
cujas escolas públicas não têm, em sua imensa maioria, a menor interação com o
ambiente informático, escolas que são para eles o espaço decisivo de acesso às
novas formas de conhecimento - estão ficando excluídos do novo espaço laboral e
profissional que a cultura tecnológica propõe.
É muito o que resta por mobilizar, a
partir da educação, para renovar a cultura política de maneira que a sociedade
não procure salvadores, mas sim crie sociabilidades para conviver, harmonizar,
respeitar as regras do jogo cidadão, desde as do tráfego até as do pagamento
dos impostos.
Então, acho que é muito importante
associar a tecnologia ao cotidiano escolar, apesar das dificuldades que são
muitas, vejo que se os professores fossem treinados para fazer uso dessas
tecnologias e o governo mandasse recursos seria muito interessante e diferente
ministrar aulas com o auxílio da internet.
Por Aline Leitão Lopes